saudações ao PT
Perdi as esperanças! Escrever, que sempre me foi um motivo de alegria, agora é coisa que faço me arrastando. Penso que o melhor seria parar de escrever. Vinicius de Moraes se referia à sua "inútil poesia". Poesia é inútil.
Os poetas são fracos. As fórmulas dos demagogos são mais palatáveis. Escrevo inutilmente. Minhas tristezas são muitas. Hoje escreverei inutilmente sobre a primeira: minha desilusão com o governo petista de Parauapebas.
O nascimento do PT anunciou a possibilidade da esperança: fazer política de um outro jeito, combinando ética, inteligência e a opção preferencial pelos pobres, em todos os níveis; pela construção de um Brasil mais justo, democrático e solidário. Passo fundamental para chegarmos à sociedade socialista e igualitária, com a qual tantos de nós sonhamos um dia. Um dia…
O PT fazia lembrar os profetas do Antigo Testamento que denunciavam os ricos que exploravam os trabalhadores sem jamais fazer alianças espúrias. Aí o rosto do profeta começou a apresentar estranhas rachaduras.
Em alguns momentos, o sonho, que acreditávamos coletivo, pareceu tornar-se realidade: 2002 – Lula Presidente: a esperança vencia o medo! Depois de percalços, recuos e barganhas, finalmente, chegávamos lá! Como num passo de mágico, o sonho se avolumou: e em 2004, Parauapebas, nos entrou sonho adentro – derrotávamos anos de abusos e malversação de recursos e do patrimônio público; íamos tomar o céu com as mãos: fora Faisal; fora Bel! Darci, prefeito cidadão…
Passados quase 06 anos, com direito a renovação da utopia cidadã-socialista com que tanto sonhávamos, e uma reeleição em 2008, nossos sonhos estão se desmanchando no ar, aliás, como bem o disse Marx, “tudo que é sólido desmancha-se no ar”. Vã ironia nos pregou o destino: “Tudo que é sólido desmancha-se no ar!” Logo Marx…
A frase é de Marx. Dele mesmo; do próprio! Nossos sonhos se desmancharam com a mesma solidez das convicções socialistas que hoje movem nosso governo cidadão e os neopetistas de Parauapebas.
Isto me faz lembrar mais uma vez Marx. Certa feita, ele profetizou que “a história não se repete; mas, se se repetir, na primeira vez será uma tragédia; na segunda, será uma comédia”. E nós acreditávamos que a tragédia havia sido a administração Faisal-Bel tendo o interregno do Chico das Cortinas no meio, entre um e outro!
Enganamos-nos! Eles eram a comédia, a farsa, pois que, ainda que em revés, ao menos nos divertíamos, mesmo que fosse sonhando! A tragédia ainda estava por vir: e veio; mas, tivemos dificuldade de nos apercebermos dela. Mantivemo-nos dormindo, embora acreditássemos que estávamos sonhando. O que acreditávamos trágico era farsa; o que supúnhamos sonho era pesadelo; o que era sólido desmanchou-se no ar!
Eis o retrato do governo cidadão. Ele é tragédia: o PT de Parauapebas é a farsa! A utopia governista assumiu ares de farsante. E a atual letargia do Partido é a demonstração de que continuamos dormindo: e não é mais para nos mantermos em sonho agradável: é para não nos acordarmos no pesadelo trágico-farsante de termos que admitirmo-nos enquanto tal!
Quanto ao nosso governante, alçado à esperança, que devo dizer? Que estou estupefato, curioso sobre os processos mentais que operam na sua cabeça para que se esquecesse com tanta facilidade das convicções de outrora. Hoje, chego a duvidar que algum dia as teve. Como não sou psicanalista, ignorava qualquer caso de amnésia parecido.
Intriga-me clinicamente a forma como funciona a cabeça desse profeta, misto de prefeito e charlatão, tendo-se em conta que não há caso na literatura religiosa de profeta que amoldasse suas convicções em obediência às bases, quaisquer sejam as bases!E então me pergunto: "O que é mais terrível? Ser silenciado pela violência de um ditador inimigo ou ser silenciado por ordem dos companheiros?" Ah! Também os companheiros podem ser repressores! E como podem: perguntem aos luises e joãos; aos mau-galhos e josés dos prazeres ou das dores! Perguntem!
A unidade do partido exige que todos brinquem de “boca de forno”: todos têm de pensar igual. O diferente é expelido. Como numa igreja ou numa máfia: devem ser eliminados; quiçá emudecidos; talvez, politicamente mortos.
Compreendi agora como me é difícil está filiado ao PT porque, se há uma coisa que prezo, é a liberdade para dizer o que penso, ainda que eu seja o único disposto a dizê-la.
Nosso tempo está passando. Do sonho trágico nos veio o escandaloso acordo Darci-Bel. Eis nosso profeta farsante: é um visionário: destruiremos o inimigo enquanto nos fingimos seus aliados. A mim, só me resta uma dúvida: quem é o inimigo?
O profeta, que diz tudo ver, deveria ter falado palavras de fogo contra os corruptos. Ao contrário, não só admite o fato como também o justifica: isso é normal no sul do Pará. E o que será que não é?
Agora, o inimaginável: como numa fotografia futurista vejo "companheiro" Darci cumprimentando a não menos “companheira” Bel Mesquita e se dispondo, como num singular lance de xadrez, a bancar sua campanha rumo a mais um mandato à Câmara dos Deputados, atalho necessário ao seu retorno, e estamos aqui “de volta ao futuro”, ao novíssimo “Paço Municipal”, tingido de vermelho; não sei se por homenagem ao nosso trágico sonho socialista ou ao rubor de nossas faces ante a farsa de nossa miserável realidade política.
Anuncia-se aqui o início de um possível novo noivado: o noivo trágico-farsante e a noiva farsante trágica! Para aumentar o meu espanto hoje, quando escrevia, vi como que em um devaneio futurístico, nosso “companheiro” Darci, alegre e sorridente, apertando a mão da "companheira" Bel Mesquita: de prefeito a ex-prefeito ou vice e versa. Qual seria a diferença?
Os falsos profetas, de fato, só podem sofrer casos de amnésia…
P.S.1: Os meus queridos amigos petistas que me perdoem. Meu estômago tem limites. Há um ditado que diz: "Pássaros com penas iguais voam juntos…". Concluo, logicamente: "Se estão voando juntos, é porque suas penas são iguais". Vocês não têm saudades da dupla Faisal-Bel? “Às vezes, eu tenho.”
P.S.2: O PT correntemente usado no texto é a sigla do que já se chamou “Partido dos Trabalhadores” e não, como agora tornou-se comum se referir, “partido das telhas”, depois do tão afamado episódio do “desvio das telhas” do Almoxarifado Municipal.
Os poetas são fracos. As fórmulas dos demagogos são mais palatáveis. Escrevo inutilmente. Minhas tristezas são muitas. Hoje escreverei inutilmente sobre a primeira: minha desilusão com o governo petista de Parauapebas.
O nascimento do PT anunciou a possibilidade da esperança: fazer política de um outro jeito, combinando ética, inteligência e a opção preferencial pelos pobres, em todos os níveis; pela construção de um Brasil mais justo, democrático e solidário. Passo fundamental para chegarmos à sociedade socialista e igualitária, com a qual tantos de nós sonhamos um dia. Um dia…
O PT fazia lembrar os profetas do Antigo Testamento que denunciavam os ricos que exploravam os trabalhadores sem jamais fazer alianças espúrias. Aí o rosto do profeta começou a apresentar estranhas rachaduras.
Em alguns momentos, o sonho, que acreditávamos coletivo, pareceu tornar-se realidade: 2002 – Lula Presidente: a esperança vencia o medo! Depois de percalços, recuos e barganhas, finalmente, chegávamos lá! Como num passo de mágico, o sonho se avolumou: e em 2004, Parauapebas, nos entrou sonho adentro – derrotávamos anos de abusos e malversação de recursos e do patrimônio público; íamos tomar o céu com as mãos: fora Faisal; fora Bel! Darci, prefeito cidadão…
Passados quase 06 anos, com direito a renovação da utopia cidadã-socialista com que tanto sonhávamos, e uma reeleição em 2008, nossos sonhos estão se desmanchando no ar, aliás, como bem o disse Marx, “tudo que é sólido desmancha-se no ar”. Vã ironia nos pregou o destino: “Tudo que é sólido desmancha-se no ar!” Logo Marx…
A frase é de Marx. Dele mesmo; do próprio! Nossos sonhos se desmancharam com a mesma solidez das convicções socialistas que hoje movem nosso governo cidadão e os neopetistas de Parauapebas.
Isto me faz lembrar mais uma vez Marx. Certa feita, ele profetizou que “a história não se repete; mas, se se repetir, na primeira vez será uma tragédia; na segunda, será uma comédia”. E nós acreditávamos que a tragédia havia sido a administração Faisal-Bel tendo o interregno do Chico das Cortinas no meio, entre um e outro!
Enganamos-nos! Eles eram a comédia, a farsa, pois que, ainda que em revés, ao menos nos divertíamos, mesmo que fosse sonhando! A tragédia ainda estava por vir: e veio; mas, tivemos dificuldade de nos apercebermos dela. Mantivemo-nos dormindo, embora acreditássemos que estávamos sonhando. O que acreditávamos trágico era farsa; o que supúnhamos sonho era pesadelo; o que era sólido desmanchou-se no ar!
Eis o retrato do governo cidadão. Ele é tragédia: o PT de Parauapebas é a farsa! A utopia governista assumiu ares de farsante. E a atual letargia do Partido é a demonstração de que continuamos dormindo: e não é mais para nos mantermos em sonho agradável: é para não nos acordarmos no pesadelo trágico-farsante de termos que admitirmo-nos enquanto tal!
Quanto ao nosso governante, alçado à esperança, que devo dizer? Que estou estupefato, curioso sobre os processos mentais que operam na sua cabeça para que se esquecesse com tanta facilidade das convicções de outrora. Hoje, chego a duvidar que algum dia as teve. Como não sou psicanalista, ignorava qualquer caso de amnésia parecido.
Intriga-me clinicamente a forma como funciona a cabeça desse profeta, misto de prefeito e charlatão, tendo-se em conta que não há caso na literatura religiosa de profeta que amoldasse suas convicções em obediência às bases, quaisquer sejam as bases!E então me pergunto: "O que é mais terrível? Ser silenciado pela violência de um ditador inimigo ou ser silenciado por ordem dos companheiros?" Ah! Também os companheiros podem ser repressores! E como podem: perguntem aos luises e joãos; aos mau-galhos e josés dos prazeres ou das dores! Perguntem!
A unidade do partido exige que todos brinquem de “boca de forno”: todos têm de pensar igual. O diferente é expelido. Como numa igreja ou numa máfia: devem ser eliminados; quiçá emudecidos; talvez, politicamente mortos.
Compreendi agora como me é difícil está filiado ao PT porque, se há uma coisa que prezo, é a liberdade para dizer o que penso, ainda que eu seja o único disposto a dizê-la.
Nosso tempo está passando. Do sonho trágico nos veio o escandaloso acordo Darci-Bel. Eis nosso profeta farsante: é um visionário: destruiremos o inimigo enquanto nos fingimos seus aliados. A mim, só me resta uma dúvida: quem é o inimigo?
O profeta, que diz tudo ver, deveria ter falado palavras de fogo contra os corruptos. Ao contrário, não só admite o fato como também o justifica: isso é normal no sul do Pará. E o que será que não é?
Agora, o inimaginável: como numa fotografia futurista vejo "companheiro" Darci cumprimentando a não menos “companheira” Bel Mesquita e se dispondo, como num singular lance de xadrez, a bancar sua campanha rumo a mais um mandato à Câmara dos Deputados, atalho necessário ao seu retorno, e estamos aqui “de volta ao futuro”, ao novíssimo “Paço Municipal”, tingido de vermelho; não sei se por homenagem ao nosso trágico sonho socialista ou ao rubor de nossas faces ante a farsa de nossa miserável realidade política.
Anuncia-se aqui o início de um possível novo noivado: o noivo trágico-farsante e a noiva farsante trágica! Para aumentar o meu espanto hoje, quando escrevia, vi como que em um devaneio futurístico, nosso “companheiro” Darci, alegre e sorridente, apertando a mão da "companheira" Bel Mesquita: de prefeito a ex-prefeito ou vice e versa. Qual seria a diferença?
Os falsos profetas, de fato, só podem sofrer casos de amnésia…
P.S.1: Os meus queridos amigos petistas que me perdoem. Meu estômago tem limites. Há um ditado que diz: "Pássaros com penas iguais voam juntos…". Concluo, logicamente: "Se estão voando juntos, é porque suas penas são iguais". Vocês não têm saudades da dupla Faisal-Bel? “Às vezes, eu tenho.”
P.S.2: O PT correntemente usado no texto é a sigla do que já se chamou “Partido dos Trabalhadores” e não, como agora tornou-se comum se referir, “partido das telhas”, depois do tão afamado episódio do “desvio das telhas” do Almoxarifado Municipal.
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